Pensamos que somos grandes porque não olhamos o mar. Pelo menos não o olhamos verdadeiramente. O mar é imenso e faz um barulho eterno. Também não olhamos de verdade para o céu. Nunca pensamos na distância das estrelas, quando olhamos para elas. Ontem, a lua estava imensa, branca e redonda, pendurada na minha janela. Fiquei com receio que ela inventasse de entrar. Mas nesse instante, pensei...por que ela entraria justamente na minha sala. Só porque nas noites em que ela me aparece inteira, toda feita de madrepérola, fico olhando o céu enfeitiçada...só por isso...
Mas tal qual uma Alice no país dos espantos, fui diminuindo, diminuindo até ficar do meu tamanho. Senti, então, o quanto nada sabemos do mundo. Conhecemos somente nossas aflições e algumas outras coisinhas que estão à nossa volta. Depois dessa reflexão fácil e simples, me veio uma grande vergonha dos meus anseios e vontades e frustrações. Quanto mais eu desejava coisas, mais eu diminuia de tamanho. Fiquei, mesmo, muito pequena. Tão pequena, que já não cabiam mais em mim, meus próprios sonhos. Me dei conta, então, que precisava olhar as coisas do mundo com muita atenção, para não me enganar com os seus tamanhos reais. Fui dormir sabendo que eu era apenas um ser pequeno e aflito que sonhava estrelas e namorava luas.