segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Lembrança de luas e ventos
Vivo o instante
sempre
sempre
E preciso
nas sobras das horas
nas sobras das horas
me embebedar de emoção
Porque tudo foge depressa
acaba
E na mão
os restos escorrem
e se perdem no chão duro e seco
da realidade
da realidade
Nada retenho
Mas vislumbro ainda
por sobre o muro da solidão interior
que alguma coisa fica
Pequenos e frágeis fragmentos
que inundam de luz o porão escuro
das recordações
A doçura de um olhar que iluminou
por um momento a minha vida
e a delicadeza de um gesto de ternura imensa
Lembranças simples e belas
Lembranças simples e belas
como a suavidade de uma folha que lentamente
caiu num final de tarde
Como o cheiro da terra encharcada de chuva
numa manhã de dezembro
e um tempo fugaz em que eu acreditava nas certezas
porque o antigo fervor não volta
E sobretudo
a pedra preciosa de palavras amigas
a pedra preciosa de palavras amigas
Coisas que guardo como o único tesouro que colhi
nesta viagem à procura de coisa alguma.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Sobrevivência
quase desisto
algumas vezes
as bocas que falam
e não ouço
os olhos que me espreitam
disfarçados
os passos que dou
de rumo incerto
o mistério das coisas
que se esconde
que eterno martírio será esse
o meu desejo
inerte e desgastado
e minha vontade
inútil
tudo me cansa
e me desgosta
o tédio das ondas
batendo na areia
o brilho das luzes
se abrindo na noite
até a beleza
me enfada e me fatiga
tudo parece desnecessário
não sei onde encontrar refúgio
onde esconder a alma
assustada e atônita
preciso ser invisível
pra sobreviver
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
terça-feira, 7 de junho de 2011
Nas asas do amor
O tecido da minha vida, fio por fio, foi composto de forma ordenada. Mas as lembranças são feitas de pedaços amorfos, tão movediços como a areia das dunas. Como contar uma vida? Como explicá-la? Precisaria quebrá-la, fragmentá-la e, mesmo assim, nada teria de mim. Nem um pedaço sequer. O que somos é tão profundo e tão complexo, que ninguém, nem mesmo nós, ousamos chegar perto. A única coisa que nos aproxima desse mistério, nos consola, nos suaviza, nos reconcilia com o passado, é o amor. Só ele nos devolve a fé e a confiança. Temos tudo embaixo das asas acolhedoras dele. Nos sentimos protegidos das amarguras e desencantos. E se ele é grande e forte, torna claro e luminoso o que era ambíguo e obscuro. Reinventamos, então, nossas lembranças. Nos inventamos. Podemos, enfim, nos contar.
domingo, 15 de maio de 2011
segunda-feira, 11 de abril de 2011
terça-feira, 5 de abril de 2011
A insustentável leveza
Penso nas nuances
no branco que não é bem branco
no vermelho que desbotou
no azul que às vezes me parece verde
Só me compreendo nas gradações infinitas
nas variedades intermináveis de tonalidades e matizes
As diferenças delicadas me explicam
sobrevivo no limiar entre a força e a doçura
E a minha alma vive nas intermitências
do que é e o que parece ser
sexta-feira, 25 de março de 2011
Exercício de ser
Escrever com esses espinhos à minha volta , é muito difícil. Eles me tiram do foco, embaçam a minha visão, distorcem o sentido das palavras, põem disfarces nos meus sentimentos, tranportam minhas idéias para outros momentos, outras realidades. Isso me faz ser quase uma criatura diferente nesse universo imenso que todos e cada um de nós é. Talvez isso tudo me acrescente, me faça surgir uma outra...Como vou saber?!! Vivo cada uma ou várias numa só.
Tudo existe em mim ou nada. Sou uma multidão algumas vezes, rica nessa multiplicidade existencial, ou sózinha e frágil, nessa teia que me isola e me faz única e inatingível. Luto contra as minhas idiossincrasias. Batalhas sangrentas que ferem e exaurem minhas forças.
De repente, posso me transformar num ser cansado e enjoado de tudo.
Mas a vida é sempre maior! Ela joga em meu caminho o mel puro da esperança e do encanto. E tudo se abre numa janela de luz infinita e clara!
Colho flores no meio dos espinheiros...
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Milagre
Quero uma tarde azul
de milagres
com revoada de flores
Uma tarde feliz
que desenhe no ar
um vôo
uma dançaQuero de novo
ser criançaVisceral
Escrevo com o estômago
algumas vezes
Quando ele está virado pra dentro
contorcido num nó
Meu estômago sente saudade
ama e reclama
Meu estômago fica vermelho
de paixão
E às vezes
é mais que meu coração
É onde mora
a minha emoção
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Às vezes...
Não fui embora pra Pasárgada. Penso, agora, se irei para Faro visitar a Praia de Jauari no distante Pará. Tão longe para mim que vivo no Rio de Janeiro, de frente pro mar, mas ressentida de não estar para sempre entre coqueiros e palmeiras e mar translúcido, batendo em areias desabitadas, perdida em lugares ermos e descampados. Esse desejo estranho e incomum me causa aflição e agonia. Sou assim...Às vezes, preciso dos desertos, dos imensos silêncios, das profundidades abissais aonde nada vou encontrar a não ser a própria imagem refletida nas paredes escorregadias do tempo.
Às vezes sou assim...
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Sobrevivência
A poesia anda nua
desenhando
espaços
pra sobreviver
pra sobreviver
É preciso resistir
ser forte
insistir
Por isso na esquina
porto uma bandeira
abraço a vida
porto uma bandeira
abraço a vida
e me visto de poeta
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Prisão
Há palavras em mim
que não deixo sair
São loucas
desesperadas
Preciso guardá-las
amordaçá-las
Há palavras em mim
impuras
obscenas
Me calo
só deixo um grito
ferir o espaço
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Ando meio distraída...
O estrondoso barulho do nada!
Tudo que eu ainda não conheço bem, escandalosamente se debruça em meu caminho. Os beirais das minhas varandas vivem encharcados de lembranças antigas e estranhas.
E eu vivo assim, distraída e doce, sob a luz do meu novo e último amor.
E eu vivo assim, distraída e doce, sob a luz do meu novo e último amor.
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