quase desisto
algumas vezes
as bocas que falam
e não ouço
os olhos que me espreitam
disfarçados
os passos que dou
de rumo incerto
o mistério das coisas
que se esconde
que eterno martírio será esse
o meu desejo
inerte e desgastado
e minha vontade
inútil
tudo me cansa
e me desgosta
o tédio das ondas
batendo na areia
o brilho das luzes
se abrindo na noite
até a beleza
me enfada e me fatiga
tudo parece desnecessário
não sei onde encontrar refúgio
onde esconder a alma
assustada e atônita
preciso ser invisível
pra sobreviver