Somos nós que andamos ou é o tempo que caminha embaixo de nossos pés. Não sei. Ele nos põe no corpo o pó das horas consumidas. Sem dó. Caminhamos juntos, talvez. Mas não estreitamos nossos laços. O tempo não faz amigos. Ele paira por aí eternamente e rouba tudo de nós. Nos olha com desdém e ri da nossa pequena vida atrapalhada. Sabe que vamos embora, desaparecer, e deixar um imenso vazio de arrependimentos para trás. Coisas que ficaram inacabadas. Horas mal vividas. Dias desperdiçados. Anos mastigados vagamente, sem vontade.
Tudo já começa a me doer. Morro antes de morrer. De lenta morte prematura.
E seguimos assim, na vida. Vamos caminhando sem sentido, insanos nesse precário destino. Ele - o tempo - num total desprezo pelo nosso entardecer. E nós, tentando segurá-lo no vão de cada manhã.
jac, a sua maneira "fácil" de escrever faz com que esses nossos questionamentos existenciais se tornem mais suaves. quando digo "facil" não é de maneira negativa, muito ao contrário, raramente as pessoas têm esse dom de escrever de maneira tão água corrente. a fluidez do seu texto é como água de rio que corre suavemente, independente de obstáculos.
ResponderExcluirmas em relação ao tempo, sabe, tornei-o estático. quem passa sou eu. ele apenas me olha com o despeito, ou vontade, de quem não se move.
estanquei-o para nunca mais. cansei-me do tempo me conduzindo, me impondo horas, mortes, locais, encontros e nunca mais... bom, procuro ac4ditar nisso... rs rs rs...
belo texto!
beijos.
Rubens, já escrevi sobre esse sonho
ResponderExcluirde simplicidade em "está chovendo na roseira". Vivo querendo voltar para um lugar que já perdi. Lá, na minha infância, não existiam relógios e eu não fazia contas.
Rubem Braga, o meu eterno cronista disse:
"Precisamos apenas viver - sem nome, nem número, fortes, doces, distraídos, bons, como os bois, as mangueiras e o ribeirão"
Acrescento..seríamos, então, completamente felizes. Mas a complexidade da vida, logo me alcança, e eu vou adiando meu sonho..
Este blog é para eu brincar mesmo.
Para respirar melhor.
Mas também, para 'conversar'
com gente como você. Adoro essas trocas!
Obrigada!
Beijos.
Jac, enquanto leio seu texto, percorro esse (des)caminho atalho, imaginando o que o tempo me reserva para além dessa curva de rio. Imagino ali adiante uma outra vida, menos fugaz, mais ensolarada...
ResponderExcluirUm beijo.
Oi, Jac, belo texto sobre nossos encontros e desencontros.
ResponderExcluirUma maneira muita agradável de ler pelo fato de ser escrito com simplicidade, aliás, o que é muito difícil. E sobre este nosso curto tempo de espera... Às vezes penso, outras fujo. A gente sabe quem acabará vencendo.
Beijão e meu carinho.
Tais Luso
Lulih, a vida vai nos pondo surpresas
ResponderExcluirno caminho. Não se preocupe em adivinhar
o que virá. Pegue o que é bom e o que
não for, jogue fora.
Gosto de 'vê-la' por aqui.
Beijos.
Tais, procuro sempre o trajeto mais
simples e claro. Meus pensamentos é
que insistem em percorrer caminhos
complicados. Mas as palavras se
encarregam de depurá-los.
Você é muito bem-vinda!
Beijos.
sabe, jac, essa coisa de querer voltar a um lugar perdido é interessante. quando entrei na escola, no primeiro ano primário, na hora do recreio a escola dava aos alunos um pãozinho com leite condensado. era a dona cinira, servente, que ia nos levar os pãezinhos, sempre dentro de uma caixa de papelão. anos se passaram e perdi meu contato com essa lembrança... com a dona cinira. quarenta e tantos anos depois fazendo uma matéria sobre educação fui entrevistá-la. ao vê-la, velhinha mas com o mesmo jeitinho, me veio aquele gosto do leite condensado na boca e uma vontade de chorar. só consegui dizer a ela que, sem saber, procurei a vida toda por aquele sabor e só agora ele tinha voltado à minha boca. leite condensado algum me daria hoje esse gosto. nada me daria esse gosto. nada mais vai me dar esse gosto.
ResponderExcluirlembrei-me disso e deu vontade contar... rs...
beijão carinhoso.
Rubens, isso que você escreveu, me fez lembrar
ResponderExcluir'rosebud'..para sempre perdido, mas guardado no fundo da alma para sempre...
Meu carinho!