quarta-feira, 24 de março de 2010

O salto mortal


Todos os dias ela ensaiava passos.
 Era  bailarina na vida.
Dessas que nunca fazem 'pas de deux'.
Dançava sozinha.
E a graça e suavidade
que saltavam  das suas sapatilhas, 
se espalhavam  pelos braços,
pelas pernas, tomavam  conta
do seu corpo inteiro.
As angélicas recendiam  perfume
em seus cabelos.
As bailarinas enfeitam e encantam  o mundo!
E ela rodopiava, se soltava na beleza
de um 'pas de valse'.
De vez em quando,  acontecia
um descompasso.
A música tocava  e a bailarina não conseguia  dançar.
Tentava  um 'coupé', mas o passo ficava  capenga.
Era a vida batendo na porta da bailarina.
Nem sempre toca a  música
que a delicadeza sabe dançar.

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