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chamado Henrique, que mora
no meu coração!
no meu coração!
O nosso querido Rubem Braga disse, numa crônica, que o poeta Drummond fez um poema para os meninos que nascem. Um poema seco e triste. Mas Drummond era assim, oitenta por cento de ferro na alma, lembram...Itabira...
Pois, diz o cronista, o poeta contempla com inquietação e melancolia os meninos do futuro. Sente que neste mundo estranho as vozes podem perder o sentido ao cabo de uma geração. Pensa nessas pequeninas e vagas criaturas sonolentas, que não enxergam, não ouvem, não sabem ainda nada do mundo, e quase apenas dormem, cansados do longo trabalho de nascer. Um texto lindo, que toca o coração da gente.
E diz ainda, nosso cronista maior, que nós todos tentaremos lhes apontar um caminho. Eles aprenderão que o céu é azul e as árvores são verdes, que o fogo queima, a água afoga, o automóvel mata, e que é preciso andar limpo e responder as cartas. Temos um baú imenso, cheio de noções sobre tudo.
Eu acrescentaria, queridos Drummond e Braga, que é preciso olhar com cuidado para a longa estrada.. Que há perigos que se escondem, discretamente, nas dobras do tempo. Diria que o amor pode ser doce, mas também pode ferir fatalmente um coração desavisado. Que escondemos mistérios no fundo do nosso ser. E há muitas armadilhas espalhadas ao longo da vida .
Mas, por ora, como nascem ainda meninos, lindos e cheios de crença, nós devemos com carinho extremo e devagar, acolhê-los com afeto e compaixão. E tentar não lhes passar o peso de toda nossa angústia e longa miséria.
Que esses meninos venham com o coração aberto e cheio de ternura. Ah, não lhes tiremos a ternura! Deixemos que o tempo a desgaste. Que tragam algo novo, como melhores razões para se viver. Que esses meninos surjam como as manhãs claras e azuis. Como a brisa fresca que chega do mar. Como o amor que renasce sempre...suave e esperançoso de existir eternamente.