quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Longa canção da espera

Não te encontrei
por onde  passei
e te busquei
sem descanso
noite e dia
todas as horas
do  viver

Ai, que vou morrer
sem te amar

Trago há muito
perfume de gerânios
nos cabelos
gestos macios
que voam
no vento
um doce sabor 
na boca
e o abraço 
e a pele suaves
pra te dar

Quero te encontrar
     assim
enquanto o perfume 
     e a cor viva
ainda tremula
     na flor

Não venhas
quando tudo
já estiver perdido
  
Se demoras
o vento da vida
arranca
as minhas folhas
me esvazia a alma
leva pra longe
os meus desejos

Chega agora
meu amor
que o beijo
anda fresco pela boca
e o abraço ainda
nos meus braços
se agasalha


sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Calmaria



Nesse eterno renascer de manhãs novas e anoiteceres desconhecidos, nunca sei o que fazer. Tudo é inesperado. Estranho a mim, sempre,  mais do que ao outro. Porque de mim, só sei do gesto que foi ontem, da palavra que já se perdeu no canto da boca. Do olhar que amanheceu alegre e que a tarde deitou sombras.

No outro, reconheço e aceito esse existir misterioso e singular. Mas em mim, a alma se arrepia, se revolve e há aspereza no fundo do meu ser. Sou como um lago que parece  calmo de se olhar.

Sem vento forte, sou calmaria difícil de transpor. Um remanso onde as emoções  se espalham e se deixam ficar.
Um lago que parece calmo de se olhar.