segunda-feira, 30 de março de 2009

'No tempo das borboletas'

Playa Bavaro - República
Dominicana













 Em meio a paradisíacas praias numa ilha do Caribe, nasceu Minerva Mirabal.  Uma mulher corajosa. Uma bonita mulher, que houve por bem ser guerreira! Muito ouvi falar da vida glamourosa que os Trujillo levavam na República Dominicana, às custas do desespero e miséria de seu povo.

Ele e sua família detinham 70% das terras cultiváveis e acumulou uma riqueza incalculável. Dizem que o secretário de  estado americano, teria dito na época: "Ele pode ser um grande safado, mas é nosso safado".

E para se manter no poder, Rafael Trujillo governava com mãos de ferro, com muita violência e sangue. Como fazem todos os ditadores sempre! Não importa de qual ideologia são partidários, ditador é ditador!

Assim foi com Stalin, Franco, os Duvalier (Papa Doc e Babe Doc) no Haiti, Slobodan, as ditaduras militares todas da América Latina, Mao Tsé Tung, Somoza, Hitler, Mussolini...Todas ferindo direitos inalienáveis, prendendo arbitrariamente, perseguindo e torturando.
Na Ásia e na África elas foram muitas e se sucederam ao longo do tempo. Lembro de Idi Amin Dada na Uganda, Nasser no Egito e Reza Pahlevi e Khomeini no Irã. Em Cuba por longos anos, Fidel substituiu outra ditadura, a de Fulgêncio Batista. E todas defendendo, cada uma a seu modo, suas ideologias. Hitler e Stalin estavam absolutamente convencidos da legitimidade de suas causas.
Mas o mais nocivo no fato delas existirem, é que justificam uma série de ações que levam a situações tão ruins quanto as que as geraram. Bush é um exemplo disso. Se valendo do medo e horror que a ditadura de Hussein despertava no povo iraquiano, invadiu vergonhosamente e instalou lá, um outro tipo de terror, constrangendo o mundo inteiro!
Bush também foi um ditador! Um ditador de interesses escusos de um grupo. Sua arrogância era a arrogância de um ditador!
Mas existe uma relação profunda entre o ditador e seus compatriotas, entre o algoz e sua vítima. Boa parte da população gosta, sente necessidade de ser subjugada. E para desgraça de muitos povos, de vez em quando surge alguém com muito carisma e ambição desmedida, que sem qualquer escrúpulo, pensa em se perpetuar no poder.
Gosto de todos que lutam pela liberdade! Todos me emocionam desde que também não se transformem em ditadores. Não aceito um horror substituindo o outro!
Subjugar é uma doença crônica! Tão ruim quanto o sentimento de vingança, que abomino pelo que há nele de mesquinho e pequeno!

Ontem eu vi o filme 'No tempo das Borboletas'. Lindíssimo! Com a mexicana Selma Hayek que fez Frida Kahlo no cinema e baseado na obra da escritora dominicana Julia Alvarez. Ela conta a história de Minerva Mirabal e suas irmãs. Essa heroína que lutou contra a ditadura de Trujillo e foi assassinada numa emboscada, a mando dele.
Mas seis meses depois ele também foi assassinado, pondo fim a trinta anos de ditadura. O mais interessante é que os Estados Unidos apoiaram muitos desses homens intrépidos e seus regimes. E depois eles próprios acabaram por derrubá-los. Como se criassem uma cobra e depois ficassem com medo de serem picados por ela.
O problema dessas condições de arbitrariedades, de situações de limite total, é que 'esculhamba' tudo. Culturalmente há uma regressão imensa. ARTE passa a ser uma coisa que incomoda muito. A educação em colégios e universidades precisa ser constantemente vigiada. Ninguém pode falar ou pensar livremente. As pessoas passam a ser verdadeiros robôs, quase.

Precisamos depois dessas 'catástrofes' reaprender tudo!!

Desde 25 de novembro de 1981, a morte das irmãs Mirabal é lembrada como o 'Dia Internacional
da Não Violência contra a Mulher'!



sábado, 28 de março de 2009

O próximo instante é o nada


O texto caminha. As palavras se movem, tomam outro sentido, outro rumo.
As palavras choram. As palavras riem.

Li que Clarice Lispector escrevia várias vezes o mesmo texto. Que a 'Maçã no Escuro' foi escrita e reescrita onze vezes! Ela precisava saber com exatidão o que estava querendo dizer.

Mas eu nunca soube exatamente o que Clarice estava querendo dizer! O sentido exato de tudo ela levou com ela para sempre.


Ela nunca fez versos. Nunca rimou. Nunca fez poemas. Mas de tudo que escreveu, salta uma poesia infinita! E ela acabou morrendo asfixiada pela solidão e beleza de suas palavras.

Escrever é como parir. Às vezes é um processo doloroso!
A gente gera palavras e elas têm que nascer!


"Pois existe a trajetória, e a trajetória não é apenas um modo de ir. A trajetória somos nós mesmos."

"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador."



Essa é Clarice. Intensa, densa, angustiada. Perdida ou encontrada no labirinto de seus sentimentos e emoções. Sem pudor algum de tirar os véus, de revelar as profundezas de sua alma.

Clarice via claramente o vazio...

 

quinta-feira, 26 de março de 2009

O menino perdido



Senti um arrepio à tardinha e me lembrei que é o outono chegando, 
se instalando devagar. 
Um ventinho que 
sopra mais frio, uma cert
melancolia, e aí percebo, 
claramente, porque as 
pessoas no verão são 
mais alegres,  mais 
barulhentas mais extrovertidas. 
O verão nos chama pra rua, nos convida a bebericar pelos bares, nos convoca a ser alegres, a achar graça da vida.
E meditei sobre o tempo. 
Por que ele precisa passar tão depressa...Não quero pensar, mas quem pode segurar o pensamento...O tempo é como a água em nossas mãos. Não podemos detê-lo!

Então lembrei de Pablo Neruda em um dos melhores momentos da sua poesia. Quando ele vai buscar dentro dele o menino q
ue foi e que acredita perdido.

Mas nunca perdemos nada do que fomos ou vivemos. Vamos, pela vida afora, carregando multidões de nós mesmos. E guardando para sempre, os meninos e meninas que fomos. De vez em quando, eles gritam!

 
"Lenta infância de onde como de um pasto comprido 
cresce o duro pistilo, a madeira do homem.
Quem fui? O que fui? O que fomos?
Não há resposta. Passamos. Não fomos. Éramos.

Outros pés, outras mãos, outros olhos.
Tudo foi mudando folha por folha na árvore. E em ti? 
Mudou a tua pele, o teu cabelo, a tua memória.
Aquele não foste.

Aquele foi um menino que passou correndo 
atrás de um rio, de uma bicicleta, 
e com o movimento foi-se a tua vida 
com aquele minuto.
Dia a dia as horas se amarraram, 
mas tu já não foste, 
veio o outro, o outro tu.
A máscara do menino foi mudando, 
aquietou-se o seu volúvel poderio.
O sorriso, o passo, o gesto voador, 
o eco daquele menino nu que saiu de um relâmpago.

Era outro o homem e o levou emprestado.
Até que nada foi como tinha sido, 
e de repente apareceu no meu rosto um rosto de estrangeiro
e era também eu mesmo: era eu que crescia, 
eras tu que crescias, era tudo,
e mudamos e nunca mais soubemos quem éramos.
E às vezes recordamos aquele que viveu em nós 
e lhe pedimos algo, talvez que se recorde de nós.
Que saiba pelo menos que fomos ele, que falamos 
com a sua língua, mas das horas consumidas 
aquele nos olha e não nos reconhece."

*Transcrevi apenas alguns trechos, porque é muito longo.


quarta-feira, 25 de março de 2009

Reconstrução



Dentro de mim
um templo
grave e em silêncio
me condena

Não cumpri
meu destino
Em vez de ser
musgo no muro
Fui querer
ser flor

que despetala e cai
toda manhã!


segunda-feira, 23 de março de 2009

Só a vida

Salvador Dalí

Na janela
do dia
nem a hora
me encontra

só os cacos
do tempo
ferindo
a alma

A palavra
é um oco

o existir
um vazio

no contorno da vida
só a vida
e o bater do coração.


domingo, 22 de março de 2009

A alma e seus avessos


 
"Contar é muito, muito dificultoso.
Não pelos anos que se já passaram. Mas pela astúcia que tem certas coisas passadas - de fazer balancê, de se remexerem dos lugares.
O que eu falei foi exato? Foi. São tantas horas de pessoas, tantas coisas em tantos tempos, tudo miúdo recruzado."
Há tanta transcendência na obra de Guimarães Rosa! Não é só o sertão que ele conta. É o universo com todos os seus mistérios e paradoxos, com contradições, crenças, as dúvidas todas e os medos.
O que salta de Grande Sertão é a alma do homem! Densa, imensa!

"Aquele homem me sabia, entendia meu sentimento. Mas não entendia o depois-fim, o confrontante."


Guimarães Rosa diz que escreveu ali a sua 'autobiografia irracional'. Transpor os limites do seu mundo e ganhar o universo, é uma experiência única, fantástica, profunda! E que só podemos experimentar lendo suas histórias! Pois ele ultrapassou os limites todos.
O jornalista e escritor Zuenir Ventura, conta que fora aluno, quando de seu tempo de faculdade, do grande poeta Manuel Bandeira. Confesso que esse fato me deixou com uma ponta de inveja! E descreve o jeito espontâneo que Bandeira tinha de transformar em poema seu cotidiano.
Pois encontrei uma carta do poeta para o grande escritor João Guimarães Rosa. Já havia lido há um tempo atrás, mas trazê-la para o meu blog, foi algo que me encheu de alegria e imenso prazer! Apenas faço uma ressalva: o meu Grande Sertão: Veredas, possui exatas 568 páginas. Reclamo aqui as vinte e seis que faltam à minha edição!
"Amigo meu, J. Guimarães Rosa, mano velho: muito saudar!

Me desculpe, mas só agora pude campear tempo para ler o romance de Riobaldo. Como que pudesse antes? Compromisso daqui, obrigação dacolá... Você sabe: a vida é um Itamarati - viver é muito dificultoso.

Ao despois de depois, andaram dizendo que você tinha inventado uma língua nova e eu não gosto de língua inventada. Sempre arreneguei de esperantos e volapuques. Vai-se ver, não é língua nenhuma a do Riobaldo. Difícil é, às vezes. Quanta palavra do sertão! A princípio, muito aplicadamente, ia procurar a significação no dicionário. Não encontrava. Pena o título: Grande Sertão: Veredas. Nenhum dicionário dá a palavra "vereda" com o significado que você mesmo define à página 74: "Rio é só o São Francisco, o Rio do Chico. O resto pequeno é vereda."

Tinha vezes que pelo contexto eu inteligia: "ciriri dos grilos", "gugo da juriti" etc. Mas até agora não sei, me ensine, o que é "arga", "suscenso", "lugugem" e um desadôro de outras vozes dos gerais. Tinha vezes que eu nem podia atinar se a palavra era nome de bicho vivente, plantinha ou coisa sem corpo nem côr nem coragem, abstrato que se diz, não é? Ou é? Ou será?
Ainda por cima disso, você fez Riobaldo poeta, como Shakespeare fez Macbeth poeta. Natural: por que um jagunço dos gerais demais do Urucuia não poderá ser poeta? Pode sim. Riobaldo é você se você fosse jagunço.
A sua invenção é essa: pôr o jagunço poeta inventando dentro da linguagem habitual dele. O vocabulário dele já é riquíssimo, dá a impressão que não ficou de fora nenhuma dicção de seus pagos e arredores; aumentado com os neologismos, sempre de boa formação lingüística, ficou um potosi, nossa!
A gente acaba tendo que entregar os pontos, nem que seja um Gilberto Amado. O diabo é que depois de ler você a gente começa a se sentir e cantar eu sou pobre, pobre, pobre, rema, rema, rema, ré.

Só que acho que não precisava contar de um rojão só, como o Joyce do último capítulo de Ulysses, as 594 páginas da história de Riobaldo. Quantas horas levaria? Eu levei dias para ler. Ainda bem que você virgulou tudo, minudente. E o caso de Diadorim, seria mesmo possível? Você é dos gerais, você é que sabe. Mas eu tive a minha decepção quando se descobriu que Diadorim era mulher. Honni soit qui mal y pense, eu preferia Diadorim homem até o fim. Como você disfarçou bem! nunca que maldei nada.
Amigo meu J. Guimarães Rosa, mano-velho, o menino Guirigó e o cego Borromeu são duas criações geniais. Aliás todo esse mundo de gente vive com uma intensidade assombrosa. E o sertão?

O sertão é uma espera enorme.

E o silêncio?
O vento é verde. Aí, no intervalo, o senhor pega o silêncio, põe no colo.
Tão deleitável tudo, nem que estar nos braços da linda moça Rosa'uarda, ou de Nhorinhá, de Ana Dazuza filha, ou daquela prostitutriz que
proseava gentil sobre as sérias imoralidades.
Ah Rosa, mano-velho, invejo é o que você sabe: diabo não há!
Existe é o homem humano.

Soscrevo.
13/03/1957
 

sexta-feira, 20 de março de 2009

Pra não dizer que só falei de flores


Fotografia de Thomaz Farkas

O Analfabeto Político

"O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos
acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
Dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que
se orgulha e estufa o peito dizendo que
odeia a política. Não sabe o imbecil que
da sua ignorância política nasce a prostituta,
o menor abandonado, e o pior de todos os
bandidos que é o político vigarista, pilantra,
o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."

Bertold Brecht

Penso como Bertold Brecht. É uma ignorância muito grande dizer que não devemos compartilhar questões políticas. Se não nos interessarmos por isso, é melhor desistirmos de respirar. Tudo, tudinho é resolvido através dela. Aprendi com um professor de filosofia, que quando uma criança chora, já está fazendo política. Está dando um recado à sua mãe 'olha, se você não me der atenção, vou perturbar os seus ouvidos'.

Portanto, sem essa de torcer o nariz para a política, pois nascemos dependentes dela. Precisamos, isso sim, é torcer o nariz para os nossos (nossos?) políticos. Eles merecem todo o nosso desprezo!! Merecem que os destituímos de seus cargos. As pessoas precisam entender que ''eles' estão lá para defender as nossas questões. Eles não foram colocados lá por um decreto divino. Nós conferimos à eles esse poder!

Admiro e gosto de gente corajosa como Fernando Gabeira! Foi ele que naquele momento de angústia e sentimento de impotência, acendeu no fundo do túnel, uma pequena luz para mim, uma trêmula luzinha que me encheu de esperança. Um homem finalmente, do alto da sua bravura e dignidade avisou: "Se o senhor (e eu faço aqui um remendo - 'senhor deputado corrupto') não renunciar, vou encabeçar um movimento para arrancá-lo desse lugar. O senhor é uma vergonha para o nosso país...!" Senti, naquele momento, um imenso orgulho dele estar lá, nos representando!

E continuamos, meu caro Gabeira, a nos surpreender todos os dias com a ousadia e desfaçatez desses políticos. Com o incrível descaramento e cinismo! E eu me pergunto quando o povo acordará...mas logo me lembro, olhando para a História passada, que sempre foi assim. Tudo se repete sempre e sempre! A história da nossa civilização é um amontoado de demolições. Construímos e demolimos!!

O homem é sempre o mesmo dentro de si.

Somos os eternos seres nos debatendo com questões que não nos torna felizes.

Queremos a felicidade mas nos afastamos sempre dela!


E repetindo os versos do grande poeta Vicente de Carvalho...
"A felicidade está sempre onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos."

Mas o que pode no final, nos diferenciar, nos fazer melhores, é o que cada um conseguir desenvolver nesse vasto e infinito universo de sentimentos...mais nada!
 

quarta-feira, 18 de março de 2009

O azul de Van Gogh


Dr. Gachet de Vincent Van Gogh
A emoção não se compra, não se pede emprestado,
não

se espera por ela, muito menos se encontra numa esquina qualquer.
Ela está dentro de nós, no fundo de nossa alma, entranhada em nosso ser.

Se a emoção não saltar em nossas vidas,
nada vai significar. Seremos como uma pedra: inerte e fria!

"Se descreves o mundo tal qual é, não haverá em tuas palavras senão muitas mentiras e nenhuma verdade."
Tolstói

A emoção é que dá o sabor
É a cor e a luz. A emoção ilumina!


É o que nos transporta para mundos de magia e encanto.
Que nos comove e nos faz compreender.
E nos leva a perceber outras dimensões, outras possibilidades, outras
formas, outras vidas.


Vivemos em dobro levados pela emoção.
Ela nos eterniza!
Nos leva para algum céu

domingo, 15 de março de 2009

Sem te achar

Fotografia de Rogério Felício



"...Eu não estou esperando esse
homem que não é só esse
mas todos e nenhum
como uma sede do que nunca bebi
sem forma
de apenas na estreiteza do aquiagora
eu espero por ele desde que nasci

e desde sempre soube que na hora suja da minha morte misturando memórias e delírios
lembranças e visões um pouco antes
a última coisa que perguntarei seria um
mas onde está
mas onde esteve esse tempo todo que me lanhei sem ti
e para me alegrar depois
quem sabe talvez enfim desista ou sorria
sorria lindo e luminoso na escuridão da minha boca
sorria vasto como nunca foi possível
e cuspa qualquer coisa como
então você estava sempre aí
uma vida de procuras sem te achar."

Caio Fernando Abreu


Enquanto...

Dalí e Gala
Se chegasses
enquanto a flor é doce
e tem perfume

E o mel ainda escorre
pela alma
e a vida pulsa

E há suspiros
e mistério na noite
e em tudo há calma

Saberias de que abismos
de que infindos sonhos
te busquei


quarta-feira, 11 de março de 2009

Simples...complexo...fugaz



Ela sentou ao lado dele.
Consultou o número na poltrona...era aquele.
Ele não a conhecia...Ela pediu licença e sentou-se.
Simplesmente. Delicadamente.
Mas ele não sabia que ao lado, ao alcance do olhar e do sorriso,
sentava-se um tufão.
Não estava preparado. Acontece. É como um resfriado...apanha-se!
Dessa forma ela foi, por um instante, não a brisa,
mas um forte vento que mudou tudo!
E ela seguiu o seu caminho suavemente!
Não sabia que atrás, naquela manhã, deixara um homem perplexo,
com o olhar perdido e um sonho nas mãos...


terça-feira, 10 de março de 2009

À toa


Não quero escolher nada
Nem quero ser escolhida
Quero ficar no caminho...

Perdida!


Não quero ser árvore ou fruto
Quero ser só um lamento
Uma folha seca...

Ao vento!

Quero ir rolando
À toa

Beijando o tempo
Batendo em muros

Me arrebentando...