sábado, 28 de março de 2009

O próximo instante é o nada


O texto caminha. As palavras se movem, tomam outro sentido, outro rumo.
As palavras choram. As palavras riem.

Li que Clarice Lispector escrevia várias vezes o mesmo texto. Que a 'Maçã no Escuro' foi escrita e reescrita onze vezes! Ela precisava saber com exatidão o que estava querendo dizer.

Mas eu nunca soube exatamente o que Clarice estava querendo dizer! O sentido exato de tudo ela levou com ela para sempre.


Ela nunca fez versos. Nunca rimou. Nunca fez poemas. Mas de tudo que escreveu, salta uma poesia infinita! E ela acabou morrendo asfixiada pela solidão e beleza de suas palavras.

Escrever é como parir. Às vezes é um processo doloroso!
A gente gera palavras e elas têm que nascer!


"Pois existe a trajetória, e a trajetória não é apenas um modo de ir. A trajetória somos nós mesmos."

"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador."



Essa é Clarice. Intensa, densa, angustiada. Perdida ou encontrada no labirinto de seus sentimentos e emoções. Sem pudor algum de tirar os véus, de revelar as profundezas de sua alma.

Clarice via claramente o vazio...

 

Um comentário:

  1. Jac,

    Ao contrário do que Freud afirmava que o escritor suaviza o caráter de seus devaneios egoístas e nos suborna com o prazer puramente formal, estético, oferecendo na apresentação de suas fantasias, Clarice caminhava em direção do mais recôndito do seu ser, dolorosamente arrancado. E nos revela através da sua incomparável prosa poética!
    Agradecemos de joelhos, pois ainda não encontrei eco como ela, com sua envergadura, a rasgar e tecer a alma feminina-humana tão bem!
    Que bom encontrá-la aqui, tão bem lembrada por você!!

    Adorei o fundo azul...muito lindo!

    Beijos querida,
    Ana Paula Bousquet

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