sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Bailarina da penumbra


Fotografia de Thomaz Farkas
 
Mal acabo de me espreguiçar de longas e intermináveis noites, e vislumbro, de repente, uma luz que  dança à minha volta.  Uma luz ainda tímida, meio acanhada, receosa, como um leve  sussurro no ar. Uma brisa que vem roçar minhas vidraçasme soprar palavras doces, me contar da imensa saudade que teve de carregar  todo esse tempo. Deixo ela entrar...essa luz que traz doçura  e beleza.
Quase a empurro para dentro da minha longa espera.  
Deixo que ela me devolva,  cada momento 
que ficou perdido pelo caminho. 
Somos, agora, bailarinos da mesma dança. 


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Poesia...

 Imagem da web (autor desconhecido)
Poesia
o que é a poesia
às vezes morna
às vezes fria
quase sempre
é sangria
que palavra nenhuma
estanca

Quando é arrancada
da alma
já nasce
toda encarnada
ferida
ensanguentada

Nem sempre cheira
a jasmim
às vezes,
igual ao mundo,
tem cheiro de lama
no fundo

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Canção de amar


Gala por Salvador Dalí

Enquanto não vens,
sou ave que voa alto,
palmeira abanando
ao vento.
Fico cismando
segredos,
chuvas finas,
arrepios.

Me transformo em rio
sem margens,
fico líquida,
transbordo
E na areia, 
na crueza dos desertos,
lagos faço brotar.

Enquanto não vens,
meu coração
lento bate,
fico suspensa no ar



sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Um olhar sobre as arestas



Os dias se desfiando 
um por um
pra onde vão
Aonde vai o tempo
assim
depois de usado

Hora por hora
a vida me consome
numa tarefa estranha
Transformar o instante já
Inventar uma flor
vistosa e bela
sobre cascalhos e pedras

Preciso inaugurar janelas novas
sobre a mesmice das coisas