sexta-feira, 21 de agosto de 2009

"A insustentável leveza do ser"

Tela de Bouguereau

"Minha vida aportou aqui sem dizer
que ia ficar,

tal como a canoa do pescador
que pára junto
a uma pedra,
sem
saber se é por meia hora ou pelo dia inteiro.
Entendo que é apenas mais uma estação, nesta viagem
em
demanda de coisa alguma."

Rubem Braga


S
eria bom se estivéssemos sempre prontos para partir.
Com a bagagem reduzida, para que atrapalhasse o mínimo possível.
Com os adeuses em dia, sem mágoas guardadas, nem amores reprimidos.
Livres de ranços passados, de sentimentos não resolvidos.
Seria bom! Partiríamos calmos, mansos, apaziguados com nós mesmos.

Partiríamos sem pensar em lugares não visitados,
em livros não lidos,
nos papéis guardados, que não serviram para nada,
em telefonemas que não demos, no amigo que não apertamos
num abraço cheio de calor e agradecimento.

Partiríamos livres e soltos e leves e conformados.
Pois que não houve palavra alguma que não foi escrita ou pronunciada.
Nenhuma emoção escondida, nenhum pensamento ignorado.
Erguemos diante do mar de nossa existência, todas as possibilidades.

Só assim é possível partir!
Só dessa forma não nos agarraríamos nas pedras que pensávamos
que segurassem nossas casas e amarrassem nossas asas e almas.
Nossas moradas são frágeis e efêmeras.
Tudo à nossa volta é feito de brisa.

E já transformados em éter, precisaríamos apenas
de um vento suave e doce.
Partiríamos embalados por canções e o ruído familiar do farfalhar
de folhas, como se fossem ainda em nossos quintais.

E
na essência de nós, a certeza de uma palavra preciosa,
de gestos puros de carinho!
Levando, na memória da vida, só os amores
que amamos com tanta ternura!

9 comentários:

  1. Jac,

    Estava sentindo falta de suas divagações por aqui, sempre de maneira corajosa e terna de colocar em questão seus sentimentos e dilemas que os envolvem.
    Parabéns querida, belo texto que sempre me leva a refletir positivamente!

    Beijo carinhoso,

    Ana Paula

    ResponderExcluir
  2. Mãe, acho que se estivéssemos, assim sempre prontos, nos sentiríamos, não leves mas terminados, prontos e talvez essa sensação nos distanciaria da vida. O mágico e o motivador da vida será sempre a busca...
    Te amo
    Guta

    ResponderExcluir
  3. Ana, obrigada pela visita, amiga querida!

    E Guta, minha amada e muuuito querida filha...
    Te amo e fiquei emocionada em te ver aqui!!!

    Mil beijos!!!

    ResponderExcluir
  4. Oi, Jac, não consigo saber como apareceu o quadro de seguidores? Será o browser que estou usando?
    Fiquei contente em poder te seguir. Te convido, também, a conhecer o meu outro blog. Está no meu perfil.

    Também estarei por aqui!!

    Um beijo, amiga, e obrigada pelas palavras...
    tais luso

    ResponderExcluir
  5. Já percebi você aqui e fico feliz
    com sua presença!
    Vou conhecer tudo dos seus blogs,
    que me deixaram encantada!

    Meu imenso carinho pra você!

    ResponderExcluir
  6. Jac, tenho então a estranha sensação de que nunca poderei partir... Seria triste não poder partir, não poder econtrar o fim.
    Um beijo pra você que é tão doce.

    ResponderExcluir
  7. E eu, Lulih...me agarro a essas pedras que
    penso darem solidez à minha vida, para ver se desse jeito consigo ficar mais um pouco.
    Nunca vou estar pronta...

    E Lulih, como eu gosto do livro "Lugar da
    Chuva', que você escreveu! Muito bonito!!!
    Você tornou o Amapá mais rico com as suas
    palavras e lembranças!
    Que forma linda de enxergar as coisas do mundo!!

    Meu abraço sempre carinhoso.

    ResponderExcluir
  8. Oi Jac

    Não é por acaso que estás entre minhas blogueiras favoritas, parabéns e sucesso sempre, bjs

    ResponderExcluir
  9. Valter, que bom 'ouvir' isso de você!
    Que carinho gostoso de receber!

    Sempre respondo a quem me escreve, para
    poder devolver a cada um, a delicadeza e
    gentileza de tão queridos amigos que
    encontro por aqui.

    Obrigada e grande abraço!

    ResponderExcluir