terça-feira, 20 de outubro de 2009

João dos Sertões Guimarães Rosa




No dia 22 de novembro de 1967,
Carlos Drummond de Andrade  publicou no  Correio da Manhã, um poema para  João Guimarães Rosa. Fazia três dias que
o escritor  havia morrido.

Transcrevo aqui, algumas linhas desse poema.


Um chamado João

"João era fabulista?
fabuloso?
fábula?

Um estranho chamado João
para disfarçar, para  farçar
o que não ousamos compreender?

Tinha pastos, buritis plantados
no apartamento?
no peito?
Vegetal ele era ou passarinho
sob a robusta ossatura com pinta
de boi risonho?

João era tudo?
tudo escondido, florindo
como flor é flor, mesmo não semeada?

Guardava rios no bolso

E de cada gota redigia
nome, curva, fim
e no destinado geral.
Embaixador do reino
que há por trás dos reinos,
dos poderes, das
supostas fórmulas
do abracadabra, sésamo?

Ficamos sem saber o que era João
E se João existiu
de se pegar."


2 comentários:

  1. Jac, Guimarães Rosa me é uma lembrança diária... Toda vez que abro meu blog ele me grita: Ave, Palavra!
    Numa das crônicas do livro Ave, Palavra!, ele fala de um passarinho moribundo que o espiava da beiradinha da morte... nunca mais me esqueci disso e foi aí que me apaixonei por sua sensibilidade, embora tantas outras coisas fantásticas ele tenha escrito.
    Enfim, que boa lembrança.
    Um beijo pra ti.

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  2. Lulih, não se mede o quanto se gosta
    desta ou daquela pessoa, assim como de coisas. Gostamos de alguns escritores de forma parecida! Gostamos de ler e esvrever. Isso nos pertence.
    Mas Guimarães Rosa era genial! Vivo impregnada do que ele escreveu! E, como você, presto homenagem à ele sempre. A sabedoria que salta de tudo que ele escreveu, é aquela que precisamos todos os dias para viver!

    AVE PALAVRA sempre, amiga!

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