segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Sertão particular

 Fotografia da web

 
Inspirada em Guimarães Rosa, que trazia 
  sertões dentro de si.




Eu também trago sertões  dentro da alma. São os meus sertões particulares. Sei que você trazia os seus, Guimarães Rosa,  na massa do sangue.
São nossos sertões essenciais! E meu peito  vive encharcado do silêncio desses confins.  A alma,  se quero  encontrá-la, é lá, nessas clareiras abertas do sem fim.  Como nesses dias de chuvarão, de nuvens escuras e céu baixo, sufocante. É ali que eles se escondem, meus fantasmas!  Ali onde o tempo é pesado, denso.

Sonho com campos abertos sob céus azuis e leves. Mas o vapor que se desprende da terra, me traz de volta ao mundo real.  Respirar fica difícil e penoso.  Embota até o pensamento.  O tempo mofa,  disfarçado  embaixo de folhas.  Nesses descampados, úmido,  abafado,  só o esquecimento permanece.

Impossível  lembrar de  deslumbramentos.  Tudo cheira  a dias tristonhos.  Até a beleza, se existe, fica invisível,  encoberta. Esses vazios comem minhas entranhas. Engolem a minha alma.


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