Ele descia a rua - uma ladeira - tropeçando nas pedrinhas da calçada, cambaleando. Vinha pensando nela, a mulher que lhe enlouquecia, entorpecia a alma. Ele bebia por ela. Se embriagava dela. Como ele odiava essa mulher! Quantas vezes a matara, estrangulara em pensamento. Mas ela não morria. Principalmente os olhos. Eles o perseguiam por toda parte. Ficavam abertos, imensos, boiando no espaço, olhando docemente para ele. Que olhar doce e infernal tinha ela! E não morriam, os olhos, não morriam. Essa mulher não morria. Como ele odiava essa mulher! E quando ela o beijava, que horror. Que beijo intenso e maldito, que boca herege, sem deus. Deve ser grande pecado odiar com tanta força. Que ser desprezível ele se sentia por não poder do próprio ódio se livrar. Ele pensava e se arrastava, trôpego. E só uma certeza o atormentava - ele iria odiá-la para sempre!
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Pequeno conto de amor
Ele descia a rua - uma ladeira - tropeçando nas pedrinhas da calçada, cambaleando. Vinha pensando nela, a mulher que lhe enlouquecia, entorpecia a alma. Ele bebia por ela. Se embriagava dela. Como ele odiava essa mulher! Quantas vezes a matara, estrangulara em pensamento. Mas ela não morria. Principalmente os olhos. Eles o perseguiam por toda parte. Ficavam abertos, imensos, boiando no espaço, olhando docemente para ele. Que olhar doce e infernal tinha ela! E não morriam, os olhos, não morriam. Essa mulher não morria. Como ele odiava essa mulher! E quando ela o beijava, que horror. Que beijo intenso e maldito, que boca herege, sem deus. Deve ser grande pecado odiar com tanta força. Que ser desprezível ele se sentia por não poder do próprio ódio se livrar. Ele pensava e se arrastava, trôpego. E só uma certeza o atormentava - ele iria odiá-la para sempre!
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Mis saludos desde Santiago de Chile,
ResponderExcluirun abrazo
Leo Lobos
Perdi um grande amigo, que amava assim uma ex. Morreu de tanto beber cachaça, coitado. Não era amor, aquilo. Obssessão. Deus o tenha.
ResponderExcluirBelo cpnto, amiga.
Saludos, Leo!
ResponderExcluirE Eurico, os excessos nos matam...até no amor!
Eu só escrevo sobre o que excede, o que ultrapassa o permitido e o normal...rs
Os desatinos da alma e do coração...rs
Abraço fra/terno.
Jac, que lugar aconchegante, voc6e tem o dom da escrita, adorei chegar neste seu recanto literário, resta-me ser uma seguidora, meus cumprimentos,
ResponderExcluirEfigênia Coutinho
in New York
Efigênia, obrigada!
ResponderExcluirVocê não imagina o quanto gosto
de receber novas visitas!
A sua foi muito especial...de tão longe
e trazendo tanto carinho!
Grande abraço!
Olha, Jac, outra vsitinha de longe: das veredas do Amapá, na Amazônia, o lugar que andam dizendo ser apenas uma abstração. Eu nem ligo... sonho tanto o meu lugar que às vezes não sei se ele existe mesmo.
ResponderExcluirQue lindo conto esse de um "ódio" tão grande...
Um beijo!
Lulih, eu li sobre isso e achei um absurdo.
ResponderExcluirSe a sua terra é uma abstração, nosso
planeta todo é uma abstração.
Vamos, então, considerar que tudo é irreal,
tudo não passa de imaginação...
E viva os que reescrevem os passos dessa
trajetória sem lógica, meio trágica, mas
sempre fantástica!
Obrigada, Lulih, pela visita
sempre tão significativa!
E sobre o meu pequeno conto...
Eu gosto de ser assim, algumas vezes..."pra mim é tudo ou nunca mais"!
Muito carinho pra você e suas veredas
de sonho!
Oi, Jac., texto bom para se comentar... Acho que de amores assim só nos resta fugir: o saudável é um amor tranquilo, um amor com vontade de querer sempre estar junto; um amor que necessite de bebidas gera ódio e um imenso vazio. O melhor é partir pra outra. Isso é doença, a dependencia pelo fraco.
ResponderExcluirUm grande beijo
Tais Luso
Querida Tais, esse foi um amor que contei.
ResponderExcluirEscrevo, às vezes, sobre os excessos!
E esse é real. Trata-se de uma personalidade compulsiva, que não respeita limites.
Às vezes, eu o descrevo por aqui, pois me desperta alguma aflição e pena.
Obrigada pela visita!
Um beijo.
Oi, Jac, entendi o texto, mas aproveitei e generalizei, justamente para fazer um comentário que abrangesse uma pessoa assim; que levasse o fato a todos os parecidos.
ResponderExcluirbeijão, é ótimo vir aqui.
Tais, vou acrescentar aos seus comentários,
ResponderExcluira frase daquela canção de Cazuza...
Eu quero a sorte de um amor tranquilo/
Com sabor de fruta mordida..
Bjo
Eu só queria saber o título do texto
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