fotografia de Katia Chausheva
Um dia, Guimarães Rosa juntou-se a alguns bois e meia dúzia de boiadeiros, e foi viver sua aventura! Embrenhou-se pelos cerrados de Minas Gerais, para escrever o que se tornaria seu mais belo livro! Seu Grande Sertão: Veredas.
Ele foi só um menino míope que nasceu na boca desse sertão, com uma infância solitária, povoada de bichos, livros e travessuras. Mas João, entendia de coisas e gente! E foi doutor, embaixador, diplomata!
E quando fala do sertão é com uma carga de emoção, que transforma o universo natural em universo humano! Ele conta de maneira subjetiva, profunda, a história de homens simples falando a linguagem do próprio sertão! Mais que isso...inventando uma outra forma de falar! Pondo palavras novas nessas bocas que ele arranca do fundo desses confins, para jogar no 'remoinho', no meio, no mundo!
Pois a obra desse grande escritor ultrapassa a dimensão de literatura regional, e salta para uma nova extensão, se torna universal! Vai ser arte, pela imensa beleza e força de seu texto!
“O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.” Pois Guimarães Rosa morreu, inesperadamente, num dia de novembro de 1962, horas depois de dizer, ao ser empossado na Acadenia Brasileira de Letras, que ‘as pessoas não morrem...ficam encantadas.’
João Guimarães Rosa ficou encantado para sempre!
“O poeta não se traça programas, porque a sua estrada não tem marcos nem destino. Não se aliena, como um lunático, das agitações coletivas e contemporâneas, porque arte e vida são planos não superpostos mas interpenetrados, com o ar entranhado nas massas de água, indispensável ao peixe - neste caso ao homem, que vive a vida e que respira a arte. (...)
E o incontentamento é o seu clima, porque o artista não passa de um místico retardado, sempre a meia jornada. Falta-lhe o repouso do sétimo dia. Não tem o direito de se voltar para o já- feito, ainda que mais nada tenha por fazer.
"A satisfação proporcionada pela obra de arte àquele que a revela é dolorosamente efêmera: relampeja, fugaz, nos momentos de febre inspiradora, quando ele tateia formas novas para a exteriorização do seu magma íntimo, do seu mundo interior. (...)
Pinta a sua tela, cega-se para ela e passa adiante. E no caso dos poetas, serenidade não é estagnação, e o brilho da face viva nada rouba à projeção poderosa da profundidade.” (...)
* Trechos de um discurso proferido por Guimarães Rosa em agradecimento a um prêmio concedido pela Academia Brasileira de Letras.
Ano passado fiz uma matéria sobre o que seria os 100 anos de idade do Guimarães Rosa e fiz muita, muita pesquisa! Fiquei abismada com tanta coisa que eu descobri. Por exemplo: ele protelou o quanto pode para aceitar seu lugar na Academia Brasileira de Letras, pois tinha certeza que morreria logo ao fazer isso. Achei ao mesmo tempo muito macabro, pois realmente aconteceu, mas muito interessante.
ResponderExcluirLegal seu blog. Estou te linkando!
;)
Também 'linkei' você, Aline!
ResponderExcluirÉ sempre bom encontrar gente que escreve!
Para mim funciona como terapia mesmo.
Em vez de ir ao psicanalista, despejo
minhas impressões e 'neuras' por aqui.
E me sinto ótima! Saudável, saudável...rs.
Bjos.
Jac!
ResponderExcluirNão conseguiria esperar até amanhã para tecer minhas impressões sobre a bela homenagem que você tão lindamente faz ao Guimarães Rosa!
"Grande sertão: veredas" é uma obra monumental!
Minha alma ficou mais profunda com os rios largos e profundos narrados por ele. O mais caudaloso de todos é João Guimarães Rosa!
Meu inseparável livro de cabeceira que não me canso de ler, reler, navegar, me perder, esquecer...tão vasto! Quanto espanto nas vastidões ali contadas, ali contidas!
Teu lindo espaço ficou ainda melhor, lembrando de passagens como esta, o discurso proferido por ele.
Me despeço Encantada!
Parabéns amiga,
Bjos.
Ana Bousquet
Ana, querida amiga de passeios e leituras!
ResponderExcluirDe arte e poesia e idéias!
Escrevo porque preciso, mas o mais importante é
o encontro com os amigos de igual sensibilidade!
Beijos, querida.