sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

'Pra não dizer que não falei de flores' ...Vandré

Fotografia de Stephane Negruth
Há pessoas hostis, sim! Dessas que o ranço que cultivam é gratuito, sem razão para existir. Quer dizer, sem razão em parte, porque na verdade todos nós temos, pelo menos de vez em quando, motivos para detestar tudo e todos! 

Mas, falo aqui, daquele ranço permanente e sólido, que ninguém e nada consegue quebrar. Uma antipatia constante, contínua, que afasta a mais generosa das criaturas. Pois encontrei hoje alguém assim. Na verdade não encontrei, esbarrei, colidi com...Encontrar é uma palavra doce e bonita. Não, definitivamente ela não cabe aqui. ‘Encontrar’ pode ser o melhor verbo para se conjugar!

Essa pequena criatura – pequena na estatura moral – olhava para o mundo e tudo que estava à sua volta com verdadeira aversão, quase com repugnância. Fui obrigada a observá-la. Ela está acostumada a levantar todas as manhãs e lançar um olhar de banda para o dia, com desdém, sabendo que tudo será ruim, muito ruim.

Pois encontrei essa criatura...logo eu que acordo feliz de ainda viver, me certificando, ao abrir os olhos, se realmente respiro. Com medo talvez de um dia, ao despertar, me descobrir um inseto, como Gregor Samsa. Mas minha imaginação é menor que a de Kafka. Então todos os dias acordo a mesma. E fico feliz por isso!

Fico pensando se não coloquei mais azedume do que realmente havia... Mas eu sempre exagero quando conto minhas impressões e sentimentos! Não, Neruda, não aprendi o 'talvez' ! Vivo me saciando de tristezas e alegrias!

“No se trató de palma o de partido
sino de poca cosa: no poder
vivir ni respirar com esa sombra,
com esa sombra de otros como torres,
como árboles amargos que lo entierran,
como golpes de piedra em las rodillas.
Tu propia herida se cura com llanto,
Tu propia herida se cura com canto...
Muy bien, pero mi oficio fue
la plenitud del alma...

Me gustaba crecer com la mañana,
Esponjarme en el sol, a plena dicha
de sol, de sal, de luz marina y ola,
y en ese desarrollo de la espuma
fundó mi corazón su movimiento:
crecer com el profundo paroxismo
y morir derramándose em la arena.”

El grande Pablo Neruda!


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