domingo, 4 de janeiro de 2009

A vida é linda...mas é nada



Estava olhando a rua lá fora e pensando em todos os escritores malditos que conheço.
Naqueles desesperados, não malucos. Naqueles consumidos pela angústia mesmo.
Nos que nem dormem, porque a vida não permite. Não há tempo e a vida é nada.

Lembro da amargura de Fernando Pessoa. Das frases quase no limite da loucura, de Lispector. De Rimbaud cuja poesia se confunde irremediávelmente com sua história de revolta e desespero. Verlaine diz sobre ele - vivendo a própria ‘vida inimitável’. E tem um Caio Fernando Abreu e os que queimaram a vida, os Cazuzas, Leminskis e os Baudelaires. Todos consumidos pela aflição e sofrimento e agonia!

Li por aí que há laços de família entre os que escrevem. E deve haver, pois todos se parecem!
Há laços de família entre aqueles que chegam muito perto dos precipícios! Há laços sim, entre os que tentam vislumbrar o fundo dos abismos. Há laços entre os que espreitam por entre as frestas das janelas tentando decifrar o mundo lá fora. Os que olham os carros parados nos sinais fechados e enxergam além, muito além dos congestionamentos. E os que se reconhecem em olhares e palavras e gestos e se comovem e não desperdiçam cada emoção rasteira! E fazem do outro a sua quase extensão! E apesar disso, são sozinhos...

“Mas na alma me resta / Um vago sorrir tardio, /
Fresta de sonhar / Luz de não sei que
barco / porque lago / Sob que luar.”

Fernando Pessoa

3 comentários:

  1. Querida!

    Quanta leveza,sabedoria!
    Que prazer poder navegar por palavras e sentimentos tirados de uma pessoa tão rica e especial como voCê!!
    Seu Blog está lindo, suas escolhas primorosas!
    Me sinto extremamente honrada em tê-la no meu restrito rol de amigos sinceros!
    Me reverencio "de joelhos" a você.
    Meu beijo carinhoso,
    Ana Paula Bousquet

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  2. Poderia citar alguns outros escritores considerados malditos pelas suas produções literárias por retratarem a vida dos submundos, de mentes inquietas e febris, da mediocridade existencial, da vida boêmia, do flagelo social; Jean Genet com sua Nossa Senhora das Flores, James Baldwin com seu Giovanni, Edgar Allan Poe com seu Gato Preto,Charles Baudelaire e suas Flores do Mal e nosso Plínio Marcos com sua Navalha na Carne.


    'O que seria da minha alma, sem o alimento poético dos escritores malditos...'

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  3. Olá, querida, mas que espaço incrível!Escreves muito bem, com verdade...Eu me identifiquei com isso, mas estou longe de ser notável.Apenas escrevo o que minha alma grita e as pessoas não estão interessadas em ouvir.Voltarei.um abraço

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