sábado, 4 de abril de 2009

Namorar...



Fotografia de Robert Doisneau


"Se você não tem namorado
é porque não descobriu que o amor
é alegre e você vive pesando
duzentos quilos de grilos e de medos.
Ponha a saia mais leve, aquela

de chita, e passeie
de mãos dadas com o ar.
Enfeite-se com margaridas e ternuras
e escove a alma com leves fricções de esperança.
De alma escovada e coração estouvado,
saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.


Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela.
Ponha intenção de queimar-se em seu próprio fogo
e beba licor de contos de fada.

Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse
uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante
a dizer frases sutis e palavras de galanteio.

Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele
pouquinho necessário para fazer a vida parar
e, de repente, parecer que faz sentido!"

Artur da Távola



Ele morreu no ano passado. De repente. Sem dar tempo de nos despedirmos dele. Docemente, como viveu. Artur da Távola é só o nome que ele inventou. Uma forma de homenagear aquele Artur que lutou contra os invasores saxões. Figura fascinante do folclore e da literatura inglesa.

Desde menina gosto dessa história. E entendo que Artur da Távola teve como referência a vida desse distante rei, conhecido no mundo por sua coragem e sinônimo de tudo que é honrado! Ele e seus cavaleiros da Távola Redonda!


O seu verdadeiro nome era Paulo Alberto Moretzsonh Monteiro de Barros. Nasceu no Rio de Janeiro em 1936. Foi advogado, jornalista, escritor, professor e político. Mas não foi qualquer político. Era honesto, tinha dignidade! Cassado pela ditadura militar foi viver no Chile.

Era um apaixonado pela música clássica e erudita.
E é dele a frase:


"
Namorado é um espelho que reflete o outro, o morador desconhecido dentro de nós."

Artur da Távola foi um homem bonito que passou por essa terra!

 

Um comentário:

  1. Já conheci aquele primeiro texto, mas desconhecia a autoria. Achei até engraçado se inspirar tanto no Rei Artur, rs.

    Beijão

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