"Ele era poeta como quem se afoga.
subitamente a vazar de
encanamentos mal soldados
em suas pernas e seus braços,
e a invadir-lhe a casa,encanamentos mal soldados
em suas pernas e seus braços,
perseguindo-o da sala
para o quarto,
do quarto para o banheiro,
do banheiro para
o escritório onde, exausto,
ele acabava por se trancar.
E seu corpo outrora vasto, já agora reduzido
pelas dolências, subia boiando
com o nível das águas
pelas dolências, subia boiando
com o nível das águas
até o emparedamento total e a asfixia,
como nos antigos suplícios por afogamento
em recinto fechado.
como nos antigos suplícios por afogamento
em recinto fechado.
E ele morria em seu noturno aquário,
esmagado pelo teto do infinito,
náufrago de si mesmo...
Um poeta como quem se afoga! "
Vinicius de Moraes escreveu o texto acima, na morte do poeta
Augusto Frederico Schmidt, que nasceu no Rio de Janeiro,
na Rua Marques de Abrantes, no Flamengo.
E que descubro, recentemente,
E que descubro, recentemente,
era casado com a sobrinha de Jaime Ovalle.
Mas essa é outra história.
Maravilha...
ResponderExcluirTe abraço.
Jac,
ResponderExcluirMe sinto tão íntima desta frase: "náufrafo de si mesmo". Adoro.
Coincidência, ontem só me veio o Augusto na cabeça!!
Vivemos dela, das "coincidências". Ou será destino?!!
Beijo,
Ana